Num truviá de relampejo
avisto um menino,
Banguelo
Com a mão no queixo,
As unha grudenta
Que dá uma pena
Puxando um jumento...
Dois pote d'água
Pra mode equilibrar,
Sorri assustado
Vendo nóis passar
No carro ligeiro
Mas não a passeio,
Fomo trabaiá...
E um carrim de mão,
Se serve, é pra quê?
Ninguém lá faz feira
Num tem nem comer,
O que carregar
Nessa terra seca
Pra pudê vender?
Farinha!
Carregá farinha
Das boa,
Branquinha...
Água, fogo e sal
Mexendo, mexendo
Tá pronto o mingau...
Óia o armoço minino!
Corre todos cinco,
Se assentam no chão,
Pra comer calado,
sem reclamação
Deixe o buxo cheio
E tome pirão!
Fazer o quê?
Todos perguntam...
E assim vão vivendo
De inverno a verão
Sem pão pra comer,
Passou 4 anos
Chegou eleição!
Entra ano, sai ano
E a conversa é essa,
Um aperto de mão
10 contos nas pressa
Num se afobe não
Ano que vem "eu" faço
Chover no sertão!
BETH BRITO - SERTANEJO SÓ
20/09/2009
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