Assim nascem os textos... Sem avisar... Bater na porta, ou mandar recados... Não se mostram, apenas chegam, e chegando não findam... São perenes, reais e eternos...

Por: Beth Brito

segunda-feira, dezembro 07, 2009

Quase romance


Não faz meu perfil, mas esse livro me impressionou muitíssimo... Boa parte do meu tempo lendo apenas os acadêmicos, estressada e com vontade de tocar fogo em tantas coisas, inclusive no meu deserto...
Verdades que eu senti ao lê-lo, em muitas coisas parecia ter sido escrito para mim...Mas, deixo postada uma passagem incrível...Escrevo e não vou chorar, não agora...


"A maior parte do tempo, porém, o que nós partilhávamos era o silêncio. E isso eu aprendi contigo, porque não sabia. Para mim, o silêncio era sinal de distância, de mal-estar, de desentendimento. Ao princípio, quando ficávamos calados muito tempo, eu sentia-me inquieta, desconfortável, e começava a falar só para afastar esse anjo mau que estava a passar entre nós... Um dia tu disseste-me: - Cláudia, não precisas de falar só porque vamos calados. A coisa mais difícil e mais bonita de partilhar entre duas pessoas é o silêncio."

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"Depois disso, voltei onze vezes ao Sahara. Nunca como contigo, nunca tão fundo, tão longe, tão perdidamente. Mas voltei, porque o deserto tornou-se quase um vício e a minha íntima religião, o único divino a que prestava contas e onde me reencontrava. E, de cada vez que voltei, pensei em ti e pensei como seria bom, incrivelmente bom, voltar contigo. Nessas alturas, como nas outras, eu repetia a mim mesmo: "Não há regresso. Há viagens sem regresso nem repetição." Lembras-te quando tu me perguntaste:
- Em que pensas? - Estava a pensar que há viagens sem regresso. E que nunca mais vou voltar desta viagem. Nunca mais vou regressar do deserto."


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